Tinha cinco anos quando Michael Jackson lançou Thriller. Era demasiado novinha para perceber o fenómeno e, em termos musicais, ainda ouvia Onda Choc, Ministars e Ana Faria e os Queijinhos Frescos.
Ou seja, o fenómeno MJ, a importância que ele teve, a forma como quebrou barreiras, como abriu caminho e como inovou, o seu contributo musical e não só, tudo isso me passou ao lado, porque não acompanhei o antes e o depois.
Só nos últimos dias, ao assistir a alguns especiais sobre ele, consegui colocar tudo em perspectiva.
Contudo, ao assistir às suas entrevistas, rever concertos, ouvir testemunhos de pessoas com quem privava, ler a sua biografia, o que mais me prendeu a atenção, não foi o fenómeno MJ, mas sim, o próprio, a pessoa por trás do fenómeno.
Aqui há tempos, vi no Youtube, MJ cantar Who's Loving You, ainda nos Jackson 5.
É arrepiante! Como é que alguém daquele tamanho consegue cantar uma música daquelas com tanta alma?!
E imaginar que aquela mesma criança sofre maus tratos em casa e, por isso, vive aterrorizada por causa do pai.
Conseguem imaginar o que significa para uma criança com aquela idade e com aquela sensibilidade, temer o próprio pai? Ou seja, não ter uma figura paterna.
Não me admira que ele tenha ficado preso àquele tempo, que se recusasse a crescer. Pois se a sua infância, além de traumática, lhe foi roubada...
Não me admira que sempre tenha sido sensível às questões das crianças e por isso tenha vivido rodeado por elas. E não, não acredito em nenhuma das acusações que lhes foram feitas. Para que conste.
Conseguem imaginar o que é alguém crescer com essa carência afectiva sempre presente? E, no caso dele, não saber se quem se aproximava dele o fazia por ele ou pelo que ele representava. Viver sob o holofote da fama e, ao mesmo tempo, viver com esse sentimento de vazio e de solidão?
E, no entanto, não existe ponta de raiva, revolta ou ódio. Preferiu isolar-se em Neverland...
Assisto às suas entrevistas e fico pequenina. O seu olhar, o seu sorriso, o tom em que fala, tudo mexe comigo.
Para mim, é só uma pessoa demasiado sensível para este mundo... Sou fã.