Aos primeiros trinados da guitarra portuguesa, pele de galinha. Uns quantos fados à frente e as letras começam a surgir. Mas, de onde? Da infância. Dos fins-de-semana passados a ouvir Amália em cassete, durante a limpeza à casa, na avó, interrompida pela ida ao cemitério. Das noites de fados, que surgiam naturalmente, em família. Alguns à desgarrada, outros cantados com lágrimas a escorrer cara abaixo. Revivi e partilhei. E só quando reparei nos olhos admirados que me fitavam, reparei no meu estado enquanto relatava estas estórias. Não é frequente falar de mim ou contar estórias minhas, daí a admiração. Mesmo minha. Sei que tornei as pessoas minhas quando me revelo assim. Só não sei foi a noite de fados que me atirou para este estado, se só o potenciou. E dou por mim a pensar, tal como António Lobo Antunes, no que fizeram ao meu País... Sacanas!