Sábado, 9 de Junho de 2012

Mais uma morte; Mais um funeral; Mais uma vez, o sentimento de perda. Sem qualquer hipótese de retorno. De forma definitiva.
Não é a angústia da ideia de vir a perder, mas a perda real, física, concreta.

O sentimento é de tal forma insuportável, que o corpo não aguenta, desfalece, perante a despedida.

 

Olhar para aqueles olhos tristes e ouvir dizer "perdi o meu companheiro de 42 anos e agora?".

Não faço ideia. Não faço a menor ideia. Não sei como se vive depois...

O peito parece rasgar-se a cada respiração mais profunda; De resto, tudo é vazio, desamparo, solidão.

 

Uns dias depois, a lágrima continua fácil, despoletada por uma palavra mais sentida ou um abraço mais demorado. Entra-se em modo de sobrevivência.

 

O que me apaixona no ser humano, o que me empurra a continuar e a acreditar, é esta capacidade que o ser humano tem de superar-se. Alguns, pelo menos.

Não precisa de destruir ou de matar para sobreviver, como no mundo animal. Busca força onde tiver de ser, dentro de si, e consegue combinar o instinto de sobrevivência com bondade, por exemplo.

 

Continua a ser difícil fixar aqueles olhos tristes. No entanto, a cada dia que passa, parece-me vê-los querer voltar à vida. Só que o pior está por vir... Em breve, cada um voltará às suas vidas, às suas coisas. Ficará só, com as suas memórias, sem o seu companheiro, naquela casa que ambos construiram, que quase era deles e que finalmente poderiam desfrutar.

 

Como se vive depois de perder o companheiro de 42 anos? Não sei... 



publicado por Brunhild às 19:25 | link do post | comentar

2 comentários:
De Cláudia a 19 de Setembro de 2012 às 12:00
Vive-se segurando a dor na dor dos outros. Tentando seguir em frente mesmo que o nossa vontade tenha ficado lá atrás.
Mesmo que um pedaço de nós tenha seguido com esse ser, mesmo que o mundo tenha perdido a cor.

Finge-se essencialmente que tudo está bem, mesmo que por dentro o nosso interior esteja vazio. Rimos e dizemos piadas em frente aos outros e destruímos-nos quando estamos sós.

Jamais conseguiremos avançar essa barreira e com o tempo a dor vai levando um pouco mais de nós. Este é o único assunto em que o tempo é o maior inimigo.

O meu irmão partiu há 2 anos, com uma vida inteira pela frente, partiu com 34 anos e a melhor parte de mim. Eu tento ser o mais forte possível e quando não aguento mais agarro-me às minhas queridas sobrinhas.

A única coisa que lhe peço agora é que espere por mim para me dar aquele último abraço que não conseguimos dar.

Espero que arranje força porque a dor vai ser cada vez pior. Desabafar às vezes alivia muito a alma...
Beijinhos


De Brunhild a 24 de Novembro de 2012 às 19:24
A perda não foi minha. Esta, pelo menos. Mas um dia, será. Já a pressinto e assusta-me muito.

Um dia de cada vez?! Acredite! Agarre-se à esperança que tudo se há-de resolver ou, pelo menos, que a dor se tornará suportável.

Beijinho maior.


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