Uma garganta inflamada atira-me para a cama sem dó nem piedade. Ótimo! Aguarda-me um fim-de-semana de pijama e cama, livre do peso na consciência pelo que ficou por fazer. Nomeadamente, lavar e aspirar o carro. Tarefa planeada para todos os sábados e sempre adiada.
Coloco as séries em dia e viro-me para os filmes.
Cinema Paraíso. A Melhor Juventude. E uma pausa neste fim-de-semana para jantar e beber lambrusco. Lambrusco faz bem à garganta. Não se lembram dos gelados no pós-operatório à garganta?!
Regresso a casa, desagasalho-me para voltar ao pijama e ao Woody Allen. Ao velho Woody Allen.
No cartaz, Ingmar Bergman. Acato a decisão. Escolho Sonata de Outono.
Ingrid Bergman, já longe de Ilsa, introduz Chopin. Associo Chopin aos Nocturnos de Maria João Pires e torço o nariz. No entanto, beliscou-me a curiosidade. Tive que ir ver. Escolhi Sokolov, a lenda viva. Se é para escolher uma lenda, dou prioridade às vivas. As mortas tenho tempo para estudar.
Chopin, pelas mãos de Sokolov, reconduziu-me à cama, àquele que é o meu programa de domingo preferido: deitar-me a ouvir música. Só.
É a austeridade. E lá fora faz um frio de rachar...