Mais um filme: Pretty Woman.
Apanhei-o quase no início e, mais uma vez, fui incapaz de resistir. Esta incapacidade que tantas vezes adiou o banho ao carro.
Sei-o de cor. É inevitável.
À medida que o filme avança, vou recordando a discussão, à mesa de um bar, no fim-de-semana passado, à volta das Sombras de Grey.
As semelhanças entre ambos são flagrantes. No entanto - e aqui reside a a diferença - Vivian, alegadamente, liberta Edward do mundo frio e cinzento em que vive, injetando-lhe calor e cor, humanidade. Conteúdo, ok!; Forma, duvidosa.
Já nas Sombras - pelo que ouço dizer - Anastacia liberta Christian da sua mente turtuosa, pela sua candura e inocência. O anjo redentor que tantos procuram. Claro!, pulvilhado a rodos por cenas de sexo, que estamos no século XXI. Nem forma, nem conteúdo.
Encontrar incongruências em ambas as estórias (e principalmente na última), não é o que proponho; É demasiado fácil.
O que proponho, e o que me surpreende, é apontar a capacidade de donas de casas mais ou menos desesperadas se deixarem levar a acreditar em ilusões tão flagrantes.
Evadirmo-nos da realidade é quase obrigatório, principalmente, quando se vivem tempos como este, desprovidos de esperança. Mas ilusões deste tipo também nos trouxeram até aqui, quando vivemos durante anos, financeiramente, acima das nossas possibilidades. Sem nos apercebermos.
Cuidado!