Já que estou com a mão na massa, siga para o terceiro, há muito adiado, tal como a outra tarefa.
Sou obrigada, quase de arma à cabeça, a assistir à novela Gabriela, sob pena de não conseguir participar nas conversas com os outros.
No entanto, não pretendo abordar o fenómeno que junta mulheres e respetivos homens em frente à televisão, e que dá o mote às noites de amor com a famosa "Se prepare, que hoje vou-lhe usar."
Abordarei sim, o estranho caso de Gabriela e Nacib.
Nacib apaixona-se por Gabriela (e vice-versa, como convém), por ela ser diferente de todas as outras mulheres. Suas qualidades únicas, potenciadas pelo facto de ela permanecer igual a si própria, ou seja, livre.
Pede-a em casamento. Gabriela não quer. Mas se faz o moço bonito feliz, ela aceita. E é aqui que ela começa a ceder... Cedência após cedência, até se transformar em algo muito diferente do que era. Por motivos de insegurança - ou outros quaisquer, que não me importam analisar - Nacib tenta torná-la numa mulher digna de ser apresentada à sociedade, ou seja, torná-la um objeto de exibição, um troféu, seu.
O efeito Gabriela é este: apaixonas-te por alguém por ser genuíno, por ser quem é, livre; E depois tentas moldá-lo à luz das tuas necessidades e ideais: prendendo-o.
O pior? É não ter a certeza de ser possível não o fazer.
Platão explica.