Domingo, 16.12.12

Adoro ideias! Principalmente novas e boas.
Concretizá-las, obrigada-me a andar para a frente, evoluir. Independentemente do resultado.

Não há melhor altura que a época Natalícia para se ter ideias novas e boas, e oferecê-las.

 

Também adoro fotografias! Principalmente antigas.



publicado por Brunhild às 14:58 | link do post | comentar

Sábado, 15.12.12

No meio da multidão, vejo-te. Estás de costas e envergas um casaco igual a tantos outros que também o envergam à tua volta. Mas sei que és tu. Mais ninguém posiciona a cabeça assim em relação ao tronco, é ângulo único.

Dirijo-me a ti.

Aguardo os teus movimentos; Tento perceber se falas ou escutas, se gesticulas enquanto o fazes, se a conversa te interessa. Tento que o teu corpo te denuncie e me diga qualquer coisa: se estás feliz, triste, cansado, bem disposto, o que for. No fundo, tento perceber, enquanto me aproximo, se tu ainda és tu. 

Já estou tão perto que já escuto as vozes dos intervenientes na conversa. Mas da tua, nada. Presumo que escutes. O teu corpo ainda nada me disse. O enquadramento é tão perpendicular que o campo de visão nada mais me deixa ver a não ser as tuas costas, as tuas calças de ganga, as tuas sapatilhas - que me sacam um sorriso - e as quebras do teu cabelo.

Dada a minha aproximação, a conversa cessa enquanto me dirigem o olhar. Pressentindo, começas a virar-te. Sustenho a respiração como a preparar o embate. Tu viras-te. Eu acordo.



publicado por Brunhild às 20:26 | link do post | comentar

Domingo, 02.12.12

Já que estou com a mão na massa, siga para o terceiro, há muito adiado, tal como a outra tarefa.

 

Sou obrigada, quase de arma à cabeça, a assistir à novela Gabriela, sob pena de não conseguir participar nas conversas com os outros.

No entanto, não pretendo abordar o fenómeno que junta mulheres e respetivos homens em frente à televisão, e que dá o mote às noites de amor com a famosa "Se prepare, que hoje vou-lhe usar."

 

Abordarei sim, o estranho caso de Gabriela e Nacib.

Nacib apaixona-se por Gabriela (e vice-versa, como convém), por ela ser diferente de todas as outras mulheres. Suas qualidades únicas, potenciadas pelo facto de ela permanecer igual a si própria, ou seja, livre.

Pede-a em casamento. Gabriela não quer. Mas se faz o moço bonito feliz, ela aceita. E é aqui que ela começa a ceder... Cedência após cedência, até se transformar em algo muito diferente do que era. Por motivos de insegurança - ou outros quaisquer, que não me importam analisar - Nacib tenta torná-la numa mulher digna de ser apresentada à sociedade, ou seja, torná-la um objeto de exibição, um troféu, seu.

 

O efeito Gabriela é este: apaixonas-te por alguém por ser genuíno, por ser quem é, livre; E depois tentas moldá-lo à luz das tuas necessidades e ideais: prendendo-o.

O pior? É não ter a certeza de ser possível não o fazer.

Platão explica.



publicado por Brunhild às 22:34 | link do post | comentar

Mais um filme: Pretty Woman.

Apanhei-o quase no início e, mais uma vez, fui incapaz de resistir. Esta incapacidade que tantas vezes adiou o banho ao carro.

Sei-o de cor. É inevitável.

 

À medida que o filme avança, vou recordando a discussão, à mesa de um bar, no fim-de-semana passado, à volta das Sombras de Grey.

As semelhanças entre ambos são flagrantes. No entanto - e aqui reside a a diferença - Vivian, alegadamente, liberta Edward do mundo frio e cinzento em que vive, injetando-lhe  calor e cor, humanidade. Conteúdo, ok!; Forma, duvidosa.
Já nas Sombras - pelo que ouço dizer - Anastacia liberta Christian da sua mente turtuosa, pela sua candura e inocência. O anjo redentor que tantos procuram. Claro!, pulvilhado a rodos por cenas de sexo, que estamos no século XXI. Nem forma, nem conteúdo.

 

Encontrar incongruências em ambas as estórias (e principalmente na última), não é o que proponho; É demasiado fácil.

O que proponho, e o que me surpreende, é apontar a capacidade de donas de casas mais ou menos desesperadas se deixarem levar a acreditar em ilusões tão flagrantes.

Evadirmo-nos da realidade é quase obrigatório, principalmente, quando se vivem tempos como este, desprovidos de esperança. Mas ilusões deste tipo também nos trouxeram até aqui, quando vivemos durante anos, financeiramente, acima das nossas possibilidades. Sem nos apercebermos.

 

Cuidado!



publicado por Brunhild às 21:53 | link do post | comentar

Uma garganta inflamada atira-me para a cama sem dó nem piedade. Ótimo! Aguarda-me um fim-de-semana de pijama e cama, livre do peso na consciência pelo que ficou por fazer. Nomeadamente, lavar e aspirar o carro. Tarefa planeada para todos os sábados e sempre adiada.

Coloco as séries em dia e viro-me para os filmes.
Cinema Paraíso. A Melhor Juventude. E uma pausa neste fim-de-semana para jantar e beber lambrusco. Lambrusco faz bem à garganta. Não se lembram dos gelados no pós-operatório à garganta?!
Regresso a casa, desagasalho-me para voltar ao pijama e ao Woody Allen. Ao velho Woody Allen.

No cartaz, Ingmar Bergman. Acato a decisão. Escolho Sonata de Outono.

Ingrid Bergman, já longe de Ilsa, introduz Chopin. Associo Chopin aos Nocturnos de Maria João Pires e torço o nariz. No entanto, beliscou-me a curiosidade. Tive que ir ver. Escolhi Sokolov, a lenda viva. Se é para escolher uma lenda, dou prioridade às vivas. As mortas tenho tempo para estudar.

Chopin, pelas mãos de Sokolov, reconduziu-me à cama, àquele que é o meu programa de domingo preferido: deitar-me a ouvir música. Só.

 

É a austeridade. E lá fora faz um frio de rachar...



publicado por Brunhild às 20:05 | link do post | comentar

Sábado, 24.11.12

Tenho esperança a brotar e palavras a borbulhar cá dentro: ideias a quererem ganhar forma, convicções a quererem ganhar raízes, pensamentos a quererem ganhar vida, sonhos a quererem tornar-se realidade.
Tenho muita vontade.

 

Até já! 



publicado por Brunhild às 19:17 | link do post | comentar

Sábado, 09.06.12

Mais uma morte; Mais um funeral; Mais uma vez, o sentimento de perda. Sem qualquer hipótese de retorno. De forma definitiva.
Não é a angústia da ideia de vir a perder, mas a perda real, física, concreta.

O sentimento é de tal forma insuportável, que o corpo não aguenta, desfalece, perante a despedida.

 

Olhar para aqueles olhos tristes e ouvir dizer "perdi o meu companheiro de 42 anos e agora?".

Não faço ideia. Não faço a menor ideia. Não sei como se vive depois...

O peito parece rasgar-se a cada respiração mais profunda; De resto, tudo é vazio, desamparo, solidão.

 

Uns dias depois, a lágrima continua fácil, despoletada por uma palavra mais sentida ou um abraço mais demorado. Entra-se em modo de sobrevivência.

 

O que me apaixona no ser humano, o que me empurra a continuar e a acreditar, é esta capacidade que o ser humano tem de superar-se. Alguns, pelo menos.

Não precisa de destruir ou de matar para sobreviver, como no mundo animal. Busca força onde tiver de ser, dentro de si, e consegue combinar o instinto de sobrevivência com bondade, por exemplo.

 

Continua a ser difícil fixar aqueles olhos tristes. No entanto, a cada dia que passa, parece-me vê-los querer voltar à vida. Só que o pior está por vir... Em breve, cada um voltará às suas vidas, às suas coisas. Ficará só, com as suas memórias, sem o seu companheiro, naquela casa que ambos construiram, que quase era deles e que finalmente poderiam desfrutar.

 

Como se vive depois de perder o companheiro de 42 anos? Não sei... 



publicado por Brunhild às 19:25 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 21.05.12

No outro dia, escutava Gil Scott-Heron... I'll take care of you, cantava ele. Ideia sedutora, sem dúvida, a de ter um porto seguro, um abrigo.

Então porque razão me é mais confortável a ideia de ser um porto seguro do que a ideia de ter um porto seguro?...

Controlo.

Ser o porto seguro significa não estar vulnerável a, significa ser dominante sobre, significa não ter, obrigatoriamente, de abandonar todos os meus receios e os medos. Significa não depender de ninguém, não precisar de alguém. Significa não ter de confiar. Significa não ter de me superar. Sinónimo de... fácil.

 

A olho nú, ser um porto de abrigo é sinal de força. Mas, analisado pelo microscópio, forte é quem admite a sua fragilidade, a sua vulnerabilidade e se deixa cuidar.

E é isso mesmo que Gil Scott-Heron canta...  if you let me, here's what I'll do, I'll take care of you.



publicado por Brunhild às 23:16 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 06.01.12

Curiosamente, esta semana desafiaram-me, subtilmente, a ressuscitar Brunhild. Fiz de conta que não percebi... Onde já se viu ressuscitar Brunhild no Natal!? Esta coisa do corte nos feriados deixou os pessoal trocado.

Mas hoje - há poucos minutos, para ser mais precisa - vejo a entrada de dois textos d' A Cavalgada no GReader: surpresa!

 

Voltar a escrever, que grande desafio!
Tal como a Ort, nada prometo, a não ser tentar.

Volta e meia, nas longas idas e nas longas vindas do trabalho, dou por mim a pensar isto dava um texto para o blogue (existem hábitos que nunca se perdem...).

Toda a gente sabe que a era do blogues já passou. Mas, como fama, nunca foi o objectivo, é isso que proponho: tentar voltar ou voltar a tentar. Mas só de vez em quando, que a paciência  - e a disponibilidade - para enfrentar o computador fora do local de trabalho é cada vez menor.

 

Ah! Eu tento, mas, e mais uma vez, tal como a Ort, escrever à novo acordo ortográfico é coisa pouco consistente, ainda.



publicado por Brunhild às 22:25 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 20.11.11

Aos primeiros trinados da guitarra portuguesa, pele de galinha. Uns quantos fados à frente e as letras começam a surgir. Mas, de onde? Da infância. Dos fins-de-semana passados a ouvir Amália em cassete, durante a limpeza à casa, na avó, interrompida pela ida ao cemitério. Das noites de fados, que surgiam naturalmente, em família. Alguns à desgarrada, outros cantados com lágrimas a escorrer cara abaixo. Revivi e partilhei. E só quando reparei nos olhos admirados que me fitavam, reparei no meu estado enquanto relatava estas estórias. Não é frequente falar de mim ou contar estórias minhas, daí a admiração. Mesmo minha. Sei que tornei as pessoas minhas quando me revelo assim. Só não sei foi a noite de fados que me atirou para este estado, se só o potenciou. E dou por mim a pensar, tal como António Lobo Antunes, no que fizeram ao meu País... Sacanas!

 



publicado por Brunhild às 18:15 | link do post | comentar

"Mandar-lhe-ei o meu retrato. Quer? Mas até lá, e para prevenir a hipótese do meu rosto a enganar, vou descrever-lhe desde já o meu péssimo carácter: sou triste, imensamente triste, duma tristeza amarga e doentia que a mim própria me faz rir às vezes. É só disto que eu rio, e aqui tem já V. Ex.a no meu carácter uma sombra negra, enorme, medonha: a hipocrisia!... Porque eu pareço alegre e toda a gente gaba a minha... alegria! Estou já a vê-la, num gestozinho de enfado, amarrotar, irritada, a minha carta, com um vago sentimento de arrependimento por querer conhecer uma criatura assim tão mal dotada. Mas ainda este é o primeiro defeito; o segun­do, e para o mundo virtuoso e prático é simplesmente horrível, é o sonhar, sonhar muito, olhar muito além, para longe de todos os que cantam, os que falam, os que riem!... Tenho dias em que todas as pessoas me dão a impressão de pequeni­nas figuras de papel sem expressão, sem vida."

Florbela Espanca, Correspondência

 

Nada que um chapéu enterrado fundo na cabeça, uns óculos de sol e uma longa caminhada em silêncio, ao frio e à chuva, por entre desconhecidos, possam ajudar a resolver.

Ninguém faz ideia do efeito que as palavras têm em mim. Se o soubessem, não me inundavam com estórias de outros, com problemas que não o são, com mentiras proferidas com a convicção de que diz a mais pura verdade, quando tudo o que preciso é que me deixem em paz, sozinha e em silêncio.


 



publicado por Brunhild às 16:41 | link do post | comentar

Sexta-feira, 30.09.11

A trabalhar uma média de 11h por dia (e não me estou a queixar, entenda-se; bem pelo contrário...), o tempo livre tem que, a bem da sanidade mental, ser de qualidade. Ou seja, passado com quem gostamos, e nos quer bem, a fazer o que gostamos, e nos faz bem.

Jonathan, vamos? Oupa!, deita-te aqui ao meu lado e (en)canta.



publicado por Brunhild às 23:57 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 25.09.11

E vim para casa pensar: em que tempo/espaço prefereria viver, se me fosse permitido escolher?...

Nova Iorque, nos anos 70, privando com Woody Allen!

Voilá!



publicado por Brunhild às 23:50 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Terça-feira, 20.09.11

Estou com medo de regressar a esta casa, pois parece que sempre que aqui volto, a minha vida desanda.

No entanto, no fim-de-semana que passou, tive a oportunidade de rever a minha família e de reencontrar Brunnhilde. Não sei se ela ainda mora aqui, mas apetece-me procurá-la. Apetece-me chamá-la, agora que as coisas parecem voltar, ainda que lentamente, ao lugar. Assim, arrume-se a casa!

 

E se, quando encarnei Brunhild, o fiz pelo caráter guerreiro da personagem (e pela historieta de amor, pois claro), ao rever, há dias, o ciclo d' O Anel do Nibelungo, a escolha, ainda que inconsciente, pareceu-me certeira em todos os sentidos, na medida em que se revelou ser mais profunda.

 

Sim, as injustiças continuam a revolver as entranhas e, pelo que acredito, sou capaz de lutar, enfrentar seja quem for e de levar, a decisão, até às últimas  consequências.

Sim, queimo-me amiúde. E, ao contrário do que seria de esperar, dói sempre como se fosse a primeira queimadura.

Mas antes assim do que a alternativa: criar pele de sapo.

 

Desejem-me sorte (embora não acredite nela), e vamos lá regressar às cavalgadas!
Será que ainda me lembro como se faz?... 

 

 



publicado por Brunhild às 23:01 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 06.05.11

Vou mudar de nome (e de personagem). Vou deixar de ser Brunhild e passar a ser Minerva.

Porque, de facto, me enerva!



publicado por Brunhild às 17:39 | link do post | comentar

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