Terça-feira, 10.04.12

para dentro da minha mala de viagem, é encontrar parte, ou melhor, uma grande parte do meu ser. Ainda há muito pouco tempo, não prescisaria mais do que uma muda de roupa,uma escova de dentes e um livro, para um fim de semana fora de casa. Agora a minha mala está tão cheia que mal a consigo fechar. E não são coisas inúteis. Preciso de tudo e tudo é pouco. Além dos óculos de sol, levo os óculos graduados, não é que veja mal, mas receio noites mal dormidas e estes sempre me ajudam a não lacrimejar. No que diz respeito ao meu sector piloso, levo o champô para cabelos ondulados, o amaciador para cabelos rebeldes, as gotas para formar o caracol, a espuma para os dias de chuva, e a máscara nutritiva semanal. Ah!e a máquina para aqueles pêlos indesejáveis que aparecem quando e onde não devem.  A pele, este é um sector delicado, pois nem é seca nem é oleosa, é sensivel. Preciso do creme de dia, creme de noite, esfoliante, calmante, o gel de limpeza e o roll-on para as olheiras, usados num ritual diário e sem interrupções, pois qualquer distração pode alterar a ordem e seria o suficiente para me estragar o resto do dia. E o corpo: gel de banho ph neutro, creme hidratante para as mãos, pouca coisa. E a boca! sempre de baton de cieiro, problema de lábios grandes é que parece que secam mais que os outros, pasta de dentes branqueadora, antiséptico bucal e fio dental para os dentes que ainda são meus. Nao posso esquecer os lenços de papel, resmas, há sempre casas de banho que não estão devidamente equipadas. Para terminar, a secção medicinal, vitamina C para os resfriados, magnésio para as cãimbras, omeprazole para o estômago, alka seltzer para a bebida (já não tenho a mesma resistência), aspirina para tudo, diclofenac para as contracturas musculares, aerius para as alergias, valeriana para domir e guaraná com cafeína para acordar. E creio que com isto acabei.

Podia ser pior, podia ter de levar, por exemplo: lentes de contacto, a caixa das lentes de contacto, o liquido para limpar as lentes de contacto, as pastilhas para desincrustar, ou em vez das lentes, dois óculos, uns para a miopia outros para a hipermetropia e as respectivas caixinhas. Podia ter que levar ampolas para a queda do cabelo que se esfregam na cabeça, meia hora antes de lavar, um liquido que se coloca no buço que inibe o crescimento do pêlo. Aplicador para as espinhas da cara,creme anti-manchas-idade, creme endurecedor para o busto, creme anti-celulitico para as nádegas, creme anti-envelhecimento para as mãos. Para a boca: pomada para as feridas da prótese, líquido para limpar a dentadura e o respectivo recipiente para a pôr a repousar durante a noite, no lavatório ou na mesinha de cabeceira. Creme para os fungos dos pés e pomada para as hemorróides. Mas não preciso de nada disto. Ainda não.



publicado por Ortlinde às 00:35 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 19.02.12

de pessoas que lêm nas entrelinhas.que de uma palavra fazem juizos e os ditam como verdades universais. não sei se é este clima de crise que lhes afecta o cérebro, mas revela-se cada vez mais esta gente no meu quotidiano, e eu não gosto. estes detectores humanos da conspiração, com quem convivo diáriamente, não se apercebem que amputam parte de mim.roubam-me a inocência. estava tão sossegada e feliz com a minha ignorância, quando, zás, sou apanhada por uma novidade, uma maldita sabedoria a que não aspirava. uma revelação, um raio de realidade que cai na minha cabeça. um foco impiedoso que me diz, que o que antigamente para mim era uma paisagem, não é mais do que um cenário onde vivo. 

quase me levam à auto-punição por tanta estupidez e cegueira.

Para o bem e para o mal, nunca mais olharei para estes teóricos da conspiração, com os mesmos olhos.

 

 



publicado por Ortlinde às 14:15 | link do post | comentar

Quinta-feira, 02.02.12

quando parada no meio do trânsito ou na fila do caixa de um supermercado, encontro-me mergulhada em pensamentos absurdos. Penso que somos biliões de microorganismos,tão pequenos que não nos conseguem ver a olho nu. que partilhamos o espaço com gigantes. para eles não somos mais que corpos peludos com 4 patas, de aspecto horroroso e rosto extraterrestre.

 

À noite quando me deito ouço o respirar dos gigantes, e eles também nos ouvem, somos estalidos, cricris ruidosos e passos pequeninos. Habitamos a pele do gigante, as árvores são  megapêlos. a chuva é o o seu espirro, o mar a sua imensa bexiga, e o sol o seu coração. quando chora são os trovões que ouvimos, quando se zanga, são os raios de uma tempestade. e assim por esse corpo nos andamos a mexer, para lá e para cá. e assim nós a quem nos chamamos humanos, ignoramos que o nosso universo não é mais que um corpo com vida de um megagigante.

 

Tendo em conta que o mundo está cheio de vidas, entre bactérias,micróbios, ácaros e outros organismos, porque é que os humanos se sentem tão sós?

 

 

 Porque tenho ouvido dizer que a velhice é um estado de solidão.



publicado por Ortlinde às 21:55 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Domingo, 22.01.12

Parir.

 

- "(...) e não queres mais filhos?" 

- "hum...tive um problema de saúde e não posso."

- " oh que pena."

 

minto.

porque a primeira vez que disse "não", disseram que estava a ser egoísta, que ele tem o direito de ter filhos (isso eu também acho),e até, que corro o risco de a relação acabar.

curioso, porque as que conheço acabaram depois de chegar o filho.

O passo habitual que costumam dar os homens e as mulheres, os cavalos e as éguas, os bois e as vacas, a formiguinha e o formiguinho, a mim não me apetece.

Esta situação da relação sem filhos torna-se estranha. principalmente num jantar de família quando a minha filha diz à boca cheia, "mas tu não queres mais filhos". mudo imediatamente de assunto, pisco o olho ao meu parceiro, que esboça um sorriso cúmplice ,bebo um golo de vinho tinto e o jantar continua. afinal nós não queremos filhos, ficou esclarecido no inicio desta relação. Nós contrariamos a idéia pré-concebida que um homem e uma mulher juntam-se pela e para a maternidade.

Em tempos fui mãe. pari alguém no seio de uma família ávida de um rebento.

Como todos os seres do mundo que se esforçam por parir, desovar, pôr, chocar, criar, eu com quase 30 anos,  tive uma filha.

Fui mãe sem eu própria ter sido filha.

e por isto digo muitas vezes a mim mesma,que eu não nasci para ser mãe. como posso ser mãe se nunca fui filha? como hei-de compreender a minha filha se nunca passei pelo processo ?  eu queria ter sido filha, filha para sempre, até ao fim, mesmo velhinha, septuagenária e decrépita, apenas filha.

 

 

 

 

 



publicado por Ortlinde às 21:48 | link do post | comentar | ver comentários (5)

Quarta-feira, 11.01.12

"nunca em 40 anos,  aqui se cantou um espiritual negro, aliás nem deve estar nos estatutos !"

 

e só me apetece perguntar: porquê ? os negros cantam para um Deus diferente, é?!

 

e depois desta, vou procurar um coro de gospel, pois não devem ser dados a tanta honra e consideração.



publicado por Ortlinde às 21:16 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 10.01.12


publicado por Ortlinde às 21:55 | link do post | comentar

Segunda-feira, 09.01.12

 Foto by Ortlinde (Champs Elysees, 2010)

 La plus belle avenue du monde!

 

Paris me manque...

 

(Hoje fui ao albúm das viagens)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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Sexta-feira, 06.01.12

eu - amanhã podias passar na Ginoeco e levantar o resultado do raio X

ele - está bem, pode ser às 18h30?

eu  - pode

 

No dia seguinte mensagem no meu telemóvel às 18h40:

 

"já fui à gino-cenas "

 



publicado por Ortlinde às 12:30 | link do post | comentar

Quinta-feira, 05.01.12

Posso...? não recebi a ordem de despejo e atrevi-me a entrar. Tenho saudades de andar por aqui, de ler os textos da Brunhild, de escrever coisas, ando numa fase estúpida, por isso os textos vão ser um pouco...,estúpidos.

Apetece-me cantar o "Frágil" do Jorge... faz-me um sinal qualquer se me vires falar de mais, eu às vezes embarco em conversas banais"  e o resto da letra?! raios que não consigo decorar mais de duas frases seguidas! Mas não foi uma conversa banal que me fez voltar aqui, foi alguém que me disse que teve um blog e que ao mudar a imagem, puf! apagou! um blog de sete anos, fez tudo para recuperar mas não conseguiu. Então falava-me das saudades de escrever, dos comentários, dos amigos que fez , das pessoas que conheceu por causa do "Cristal" ou "Só Cristal"?, não lembro... amanhã pergunto-lhe. E fez com que eu lembrasse de uns meses atrás, de como me divertia a escrever aqui. Da Brunhild, da minha querida Brunhild, que aqui ganhei. Uma amizade curiosa, que não precisa de estar sempre, mas que sinto que sempre está. O presente que me deste ?!  ainda não chegou a casa, está a trabalhar o que faz muito bem,porque o anel de diamante não se compra assim com duas tretas. A boa noticia, - para mim, porque pra quem lê não sei se será assim  tão boa -, é que eu estou com vontade de andar por aqui. Ah! aviso já que não escrevo à novo acordo ortográfico, é estranho e não se me entranha. E prontus, vou tentar escrever um textozinho estúpido uma vez por semana. eu disse tentar.

 

E sobre a crise, lembro uma frase de F.Scott Fitzgerald:

 

"assim vamos teimando, proas contra a corrente, incessantemente cortando as águas, a caminho do passado que não volta"

 



publicado por Ortlinde às 21:45 | link do post | comentar

Domingo, 29.08.10

em todos estes anos,  mexi na tua escova de trás!

 

 

 



publicado por Ortlinde às 23:28 | link do post | comentar | ver comentários (5)

Sexta-feira, 27.08.10
Eu às vezes não sei o que hei-de dizer
sou refém da palavra que me quer fugir
prendo o salto no verbo que deve ser
ou tropeço no nome a seguir

'stá debaixo da língua
brincando às 'scondidas com o coração
'stá debaixo da língua
parece que vai aparecer ou parece que não

e depois... e porém... e não sei... talvez
fico muda... repito tim-tim-por tim-tim
sinto o chão a tremer debaixo dos pés
e gaguejo ou qualquer coisa assim

'stá debaixo da língua
tão longe e quem sabe ao alcance da mão
'stá debaixo da língua
parece que já me lembrei ou parece que não

(desato a rir
não lembro de mais nada
eu desato a rir
o fio escapa à meada
eu desato a rir
e sim, e coisa e tal
eu sei lá)

sobe o pano, o actor quando cai em si
não se lembra da fala e não sabe o que é
fecha os olhos, diz "to be or not to be"
e o público aplaude de pé

'stá debaixo da língua
atada à cortina e ao projector
'stá debaixo da língua
talvez amanhã ela volte a ligar ao actor


publicado por Ortlinde às 00:13 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 20.08.10

Eu, de Sousa Tavares no saco, o Tone, de jornal debaixo do braço rumamos em caminhada até à marginal da praia. Bonita manhã. E eu nasci para isto, para a boa vida.

 

Esplanada, cadeirinhas em posição, pedimos os cafés e mergulhámos nas leituras. Não foi preciso muito tempo para eu levantar o meu princepesco nariz, à procura das vozes barulhentas que se faziam ouvir. Uma família inteira acampou na praia, naquele "nico" de areal. Quatro gerações, mais o cão, o gato e o periquito. Abocanhavam sandes de panado e falavam aos berros pela boca cheia. Ia retomar a leitura quando a avó se levanta para gritar ao neto que desatou numa correria em direcção ao mar. Se era suicídio, o puto escolheu a maré errada, estava vaza.

O raio da velha estava de monokini! Estava com aquilo que já foram umas mamas, à mostra! Graças a Deus, a criatura não se lembrou de correr atrás do miúdo.

 

O ambiente da esplanada contrastava com aquele cenário. Um euro e meio por café, é o preço que se paga para ter um ambiente tranquilo. Tenho pena que os portugueses sejam distinguidos pela carteira, mas mais pena ainda, que seja pela falta de educação e do "não saber estar" em locais públicos.

 

 

 

 

 



publicado por Ortlinde às 11:07 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quarta-feira, 30.06.10

O grupo de estudantes de belas artes subiu as escadas a correr porque o elevador estava parado. De repente um deles apercebe-se que há luz  e pergunta se está alguém - "sim estamos presos".

 

- Genial pá! Há pessoal preso no elevador! Boa sorte! - E entraram no apartamento.

 

Silêncio.

 

A menina da "assistência 24 horas" da schmitt disse que o técnico demoraria cerca de 20 min.

 

Por favor, não respires tanto, acho que sofro de claustrofobia.

 

A Rescue-Team, composta por um,  e só um técnico,  finalmente chegou. Uma hora depois, vá.

 

Salvos. Eu, o Tone e o armário. Dei um jeito ao cabelo - "estou bem?" "sim, estás linda"  Sabes como é este pessoal da televisão, tudo é notícia.

 

Já estamos a mudar os tarecos para o 44! A casa está pronta.

 

 

dúvida: alguém me explica, porque é genial estar preso no elevador a altas horas da noite?

 

 



publicado por Ortlinde às 10:27 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 18.06.10

porque as alheiras de caça, ou deixaram-nas cair no vinagre ou já tinham morrido e ninguém nos avisou. O cheiro era tão enjoativo, que nos apressamos a sair de casa à procura de alimento.

 

Comemos no quintal, cheirava a erva fresca misturada com o cheiro de lenha queimada. A cozinheira, entrava e saía da cozinha a falar para os pratos e a resmungar com o forno - "este ca%#&lho queima tudo, então muores está bom o bacalhauzinho? esteve quatro dias de molho. Sai daqui Caracitas, fuge!" -  Caracitas era o gato que andava por lá.

 

Ainda bem que as alheiras não se podiam comer. Para terminar o serão,  fomos à feira do livro em hora H. Fui presenteada com "O Estrangeiro" de Albert Camus.

 

O Caraças, recomendo. É no Porto, na rua das Taipas.

 

Bom fim de semana.

 

 


sinto-me ficas-me tão bem.

publicado por Ortlinde às 10:29 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 16.06.10

os sapinhos a bater palmas e já no micro agradeço:

 

a toda a equipa do Sapo, à minha filha- a minha inspiração-, aos Tones - os meus amores - , às Prazeres , às Cláudias, Alexandras - grandes companheiras - e a todos os outros não menos importantes, que nos têm acompanhado. Quero também agradecer ao Bruno, ao Naovouporaí, presença assídua nas nossas vidas.

 

E este Batraquilho vai directamente para a minha querida Brunhild, porque sem ela nada disto era possível!

 

A Brunhild está presa no trânsito, mas deve estar quase a chegar, para os agradecimentos.

 

Obrigada pelo destaque.

 


sinto-me

publicado por Ortlinde às 10:41 | link do post | comentar | ver comentários (5)

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